9.9.10

penso.

certa vez uma amiga me disse: “você pensa demais. isso ainda vai te gerar um tumor no cérebro.”

o tumor não saiu, e eu continuo pensando. eu penso no amor que eu queria ter. eu penso no sexo que eu queria ter (eu penso até na força das mãos que me segurariam durante o sexo que eu queria ter.). eu penso sobre as condições sociais. eu penso em como a propagando política está ridicularizada hoje em dia. eu penso em parar de fumar. eu penso em não querer parar de fumar. eu penso em como ganhar mais dinheiro. eu penso em como não fazer esforço para ganhar mais dinheiro. eu penso nos meus amigos (e em como eu me afastei de algum deles.). eu penso no meu antigo amor (e em como eu ainda o amo, tanto.). eu penso em alguém que me ama. eu penso em nunca mais amar ninguém. eu penso em praticar algum esporte. eu penso na preguiça que me dá só de pensar em praticar algum esporte. eu penso em como parar de pensar. eu penso nas coisas que eu quero. que eu não quero. que eu gostaria de querer, mas não consigo querer. eu penso na ignorância, nas fraudes, na violência, na falta de compaixão, na artificialidade das pessoas feitas de silicone. eu penso o quanto as bundas e peitos fabricados fazem sucesso, e penso que queria ter um par deles, mas desisto de pensar nisso.

eu penso que talvez possa mesmo gerar um tumor no meu cérebro de tanto eu pensar, e imagino esse tumor recheado de pensamentos, e enchendo cada vez mais, e um dia estourando e todos os pensamentos voando para longe, longe, longe...

e então minha cabeça finalmente se esvaziaria e eu pararia de pensar. ficaria apenas um buraco oco e escuro e de lá eu escutaria apenas ecos profundos sobre a minha pulsação pensante.

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